É bastante comum ouvirmos professores dizendo que a pior parte da profissão é corrigir provas. Mas como será que eles eles se preparam para essa atividade?
Para mim existem duas alternativas: ou você investe tempo na preparação e depois tem uma boa correção; ou terá um verdadeiro pesadelo durante esse processo.
Nos últimos anos, em razão do tipo de disciplina que passei a lecionar e também em razão do grande número de estudantes matriculados nas turmas da Faculdade de Direito da UnB, resolvi investir na elaboração de provas objetivas. Realmente acho que foi uma boa decisão e que aprendi a criar provas que avaliam bem o progresso de cada estudante ao longo do curso.
Já publiquei um post anteriormente, explicando como elaboro e organizo as questões. Em síntese, utilizo o aplicativo Bear para isso, pois ele tem o melhor sistema de organização hierárquica de tags que conheço. Trata-se, na verdade, de um aplicativo genérico para tomar notas, atualmente disponível apenas para Mac. Se você é um usuário Windows, poderá resolver seu problema, por exemplo, com o OneNote.
Voltando ao assunto, digamos, a título de exemplo, que eu tenha elaborado uma prova com questões objetivas, seja no Bear, seja em outro editor de texto com menor capacidade de organização. Ainda assim, seria necessário editar e imprimir essa prova, o que possivelmente seria feito no Word.
Até agora, nada de novo. Mas e como correção poderia ser feita?
É aí que entra uma série de aplicativos, cuja missão é simplesmente gerar uma folha de respostas para correção de questões objetivas por meio do celular. Existem diversas opções para isso e a maioria delas é gratuita, caso você queira apenas gerar a folha de respostas.
Mas isso não é o suficiente para mim e prefiro pagar (alguns centavos por prova) e ter uma série de vantagens. Minha escolha é o Gradepen, um aplicativo brasileiro que também embaralha as questões, gera a prova para impressão, hospeda o gabarito na internet e permite sua correção por celular.
Caso prefira outra ferramenta nacional com propósito mais abrangente, vale dar uma olhada no Prova Fácil ou no Prova Rápida. Eu diria que ambos estão mais para plataforma de automação de avaliação do que para gerador de provas. Em outras palavras, incluem a possibilidade de aplicação de provas em meio eletrônico e, no caso do Prova Fácil, toda a gestão da aplicação da prova em várias salas.
Sem dúvida o Prova Fácil e o Prova Rápida são mais completos e até mais baratos do que o Gradepen. No entanto, como não preciso das funcionalidades oferecidas por eles, minha escolha é pelo Gradepen. Além disso, gosto de apoiar desenvolvedores independentes, que desenvolvem software para soluções de pequenos mercados.
Entre as opções estrangeiras, eu consideraria o QuickKey, o ZipGrade ou o Gradecam. Não consideraria, contudo, o Lightning Grader nem o Scantron, por serem muito mais caros e concorrem exclusivamente no mercado corporativo. O vídeo seguinte ilustra o funcionamento de uma dessas opções:
Ainda quanto à minha opção, que é o GradePen, é preciso reconhecer que nem tudo são flores. O desenvolvimento do aplicativo não vem demonstrando muito fôlego e experiência do usuário não é das melhores. O software tem uma cara bem antiquada. Mas se você precisa apenas de embaralhar algumas questões e corrigir tudo pelo celular, é muito mais do que suficiente.
Com essa estratégia, passei a elaborar e corrigir as provas com muita agilidade. Em complemento, por ter passado a administrar uma base de questões muito grande, passei a não ter nenhum problema em realizar vários exercícios e a permitir que os estudantes levem o caderno de questões para casa. Ou seja, o custo de elaborar uma prova diminuiu consideravelmente.
Assim, creio que o planejamento e a execução das avaliações passaram a estar muito mais alinhada às atividades de ensino. Desse modo, o curso tende a se tornar mais previsível e mais dinâmico. E eu fico mais feliz, pois empenho meu tempo na preparação das questões, não na correção.
De outro lado, reconheço que algumas disciplinas são incompatíveis com a avaliação por questões objetivas. Mas acho também que, com algum esforço, o professor pode aprender a formular questões objetivas de forma mais interessante, o que vai reduzir essa limitação.
Por fim, um ponto positivo adicional está em que, no meu caso, passei a aprender mais sobre o conteúdo, o que colabora para que eu seja um professor melhor. No meu modo de ver, essa forma de trabalho pode inaugurar um círculo virtuoso. Para isso só é necessário que o professor se dedique mais a elaborar do que a corrigir as provas, o que me parece ser uma opção muito mais inteligente.