Já tentei todo tipo de organização para ser um orientador produtivo e, assim, ter um bom grupo de pesquisa. Não é uma tarefa fácil, mas - como professor - é algo que você precisa encarar de frente. Do contrário, será demandado repetidamente, sempre prestando as mesmas informações, a cada semestre que passa, para diferentes orientandos.
A organização com base em ferramentas é essencial na preparação dos encontros de orientação. Se isso for feito, o orientador passa a ter agilidade ao prover as fontes para que o orientando possa ler antes desse encontro pessoal. E o orientando terá um encontro mais produtivo, que é justamente aquilo que todos desejam. Assim é possível avançar na pesquisa com mais agilidade.
Banco de projetos
Na minha opinião, para a fase inicial da pesquisa, é essencial manter um banco de projetos que possa ser facilmente atualizado e compartilhado com os orientandos. Embora eu já tenha tentado, no passado, automatizar essa parte do fluxo de trabalho com uma base de dados (incluindo um link de consulta e filtros abertos ao público), não me parece mais uma boa ideia.
Hoje minha opção é por gerir pessoalmente o banco de projetos e apenas enviar para cada novo orientando um bloco de 10 a 20 projetos conexos ao tema de seu interesse. Depois de ler 20 projetos bons, é muito provável que o orientando retorne, para um segundo encontro, com um projeto da mesma qualidade.
Esta é minha primeira conclusão: para que o estudante possa redigir um bom projeto, ele precisa ler vários outros.
Sem ler dezenas de projetos, o estudante não interioriza aquilo que precisa. Ele fica sem referência, pois seu próprio projeto é praticamente o único que ele lerá na vida. O esforço nessa parte realmente tem retorno, não importando se você orienta um trabalho de graduação ou revisa um projeto de tese. Então, se você é professor, minha sugestão é que mantenha esse banco a partir da seleçao de todos os projetos que venha a ler. Dá trabalho e toma tempo, mas o retorno é garantido.
Existem diversas opções para ajudar na manutenção desse banco. Você pode usar o Airtable para criar uma base de documentos e compartilhar o link com seu orientando. Se precisar de inspiração, veja este template. Embora o template seja de um catálogo de livros, basta adaptar para que se transforme em um catálogo de projetos. Se quiser alguma opção, veja o Zenkit, que é praticamente um clone do Airtable. Isso e tudo o que você precisa.
Biblioteca de referências
Chega a ser nostálgica a ideia de que alguém venha a desenvolver qualquer pesquisa apenas visitando a biblioteca para tirar cópia de livros de papel. Na verdade, todos nós iniciamos a pesquisa pela internet. Isso também nos leva a um problema comum, consistente no desafio de manter um acervo eletrônico de livros e artigos prontos para consulta e citação.
Se de um lado é certo que um estudante de graduação não precisa dessa sofisticação toda para terminar um trabalho de conclusão de curso, é muito provável que um pesquisador profissional tenha, qualquer que seja, a sua forma de organizar uma biblioteca digital.
Vamos avaliar alguns cenários. A pessoa tem uma pasta com cheia de arquivos em pdf no seu computador. Sem dúvida que funciona, apesar das limitações óbvias. Uma variação popular é a pasta compartilhada no Dropbox. Mas essas opções são apenas formas de armazenar arquivos. O que um pesquisador profissional - e que seja moderninho - demanda está além disso. Afinal, é preciso gerir as citações de forma integrada com seu editor de texto ou, ao menos, gerar a bibliografia com um clique.
Acho que existem opções bastante consistentes no mercado para esse tipo de tarefa. A mais popular (e que conta com um plano premium pago acessivel) é o Mendeley. No passado, acho que o EndNote já foi uma opção séria, mas é ainda mais caro. Eu prefiro a alternativa a open source, chamada Zotero. Para mim é a solução definitiva.
Esta é minha segunda conclusão: para que o orientações possa prover referências com agilidade, sua biblioteca de referências precisa estar organizada.
Conclusão
Para o orientador, vale investir na organização de uma base de projetos, pois isso poupa trabalho e aumenta a qualidade do projeto a ser elaborado pelo orientando. Uma vez que o projeto tenha sido elaborado, vale investir na organização de uma biblioteca de referências para auxiliar o aprimoramento do texto.
Em conjunto, essas ferramentas impedem que cada processo de orientação se converta na reinvenção da roda. E disso certamente não precisamos.