Publicando um ebook no aplicativo do Leanpub
Como gerar um ebook a partir de um texto em Markdown de forma gratuita
O Leanpub é uma loja de ebooks que também oferece um bom serviço para escrita e transformação textos em formato compatível com os leitores de livros eletrônicos. É difícil dizer o quanto do seu manifesto inicial permanece na versão atual da empresa, mas o Leanpub segue fiel ao uso de ferramentas leves e voltadas à publicação imediata do seu texto.
Isso termina atraindo uma comunidade de autores de exatas, especialmente considerando que o Leanpub estimula o uso de ferramentas de controle de versão que são utilizadas praticamente apenas por programadores. Mas seria possível publicar um livro de humanas (ou quase) no Leanpub? Sim, desde que você esteja disposto a escrever em Markdown.
Mesmo que você não esteja acostumado com a escrita em Markdown, existem formas de contornar esse obstáculo. A opção mais natural para isso seria utilizar o próprio importador do Leanpub, que exige apenas que a formatação atenda a alguns requisitos. Se você preferir usar diretamente o próprio Word instalado no seu computador, será necessário um add-in. Infelizmente, o único add-in de conversão nativo que conheço, chamado Writage, é pago e só funciona em Windows.
Caso as alternativas descritas não tenham funcionado para você, talvez seja melhor utilizar o Typora, que é um ótimo editor e conversor. O Typora está disponível para todas as plataformas e é gratuito enquanto durar sua fase beta. O melhor dessa opção é que ela pode servir ao seu ingresso no mundo Markdown com mais conforto, pois se trata de um programa offline com ótima usabilidade.
Embora eu tenha o Typora instalado no meu computador, como usuário de Mac, tive a opção de instalar também PanWriter, um conversor open source muito poderoso. Na verdade, uso PanWriter apenas para as conversões longas e complicadas. Mas, para a finalidade deste post, será utilizada uma extensão simples e gratuita para Chrome, que converte o texto exibido no navegador em Markdown, chamada MarkDownload.
Ou seja, existem opções de conversor para todos os gostos e ficaremos aqui com a forma a mais simples para fim de demonstração.
Uma vez que tenha capturado o texto em Markdown (qualquer que seja sua fonte), é hora de colar o conteúdo no aplicativo do Leanpub. Para isso é necessário se cadastrar e depois criar um livro. O plano gratuito permite a criação de cem livros, mas não permite a escrita offline, nem exportações mais sofisticadas. No meu modo de ver, o plano gratuito é bastante generoso e suficiente para a demonstração da proposta do Leanpub. Na verdade, considero que um plano limitado a cem livros é, na prática, ilimitado.
O Leanpub tem ótimo suporte para livros em português e essa é uma enorme vantagem sobre opções como o Reedsy. Com certeza o Reedsy merece um review próprio, bastando aqui a referência de que, apesar de ser um ótimo aplicativo, só serve para livros em inglês. É muito importante destacar essa caraterística para que você não descubra tarde demais que sua escolha não tem suporte para livros em português.
Voltando ao Leanpub, logo após criar o título e o endereço do seu livro, o sistema exibirá a tela do editor de texto. A interface é bastante minimalista e não impede você de começar a escrever sem pensar muito. A barra da esquerda contém a lista dos capítulos do seu livro (1), a ferramenta de upload de arquivos (2), em uma lista de links para os principais pontos da documentação (3). Já a barra superior (4) indica cada uma das atividades de interesso do autor, entre as quais destaco a aba de versionamento, onde você pode encontrar o histórico de versões do seu livro desde o início do seu processo de escrita.
Nesse ponto você já se anima, pois o livro começa a tomar forma. Mas também percebe que o Leanpub exige a leitura de várias páginas de documentação, pois são inúmeras as funcionalidades. Isso decorre das escolhas das tecnologias utilizadas, que, por sua vez, viabilizam uma plataforma muito poderosa e aberta. A título de exemplo, listo as opções da aba de versionamento.
A exportação no formato InDesign (1) é uma função disponível apenas para as contas pagas. Particularmente não vejo problema nisso, pois edições básicas podem ser feitas no próprio Leanpub gratuitamente. O que está em jogo, para os usuários gratuitos, é basicamente evitar que seu livro seja editado em Word, de modo que a edição dentro do Leanpub já representa um avanço.
Editar no InDesign é realmente algo que está além do alcance do usuário gratuito, pois atingiu seu objetivo ao evitar usar o Word. Essa é nossa meta realista.
Quanto ao versionamento propriamente dito, trata-se de um dos pilares do sistema (2), o que faz do Leanpub uma ótima opção para livros técnicos que vão amadurecendo com o tempo. Por esse motivo, a título de exemplo, o Leanpub não parece a melhor opção para um romance (ou qualquer outro tipo de escrita) que não seja aprimorada ao longo de suas edições.
Sobre o fechamento de cada edição, basta um clique para que o Leanpub gere novas versões do seu livro em pdf, epub, mobi e também para leitura online (3). A qualidade gráfica do modelo do sistema já é muito boa e você percebe imediatamente se que se trata de uma solução profissional, o que inclui: ficha catalográfica, sumário, paginação, cabeçalho, estilos, etc. Tudo isso é gerado com bastante facilidade.
Aliás, muitas vezes só pensamos nesses elementos quando vamos gerar um ebook pela primeira vez, mas a verdade é que são fundamentais para que o leitor perceba o valor contido no livro. Não fosse por esses elementos, seria mais prático simplesmente gerar o livro em um aplicativo de conversão de documentos. No fim, o que pretendemos é que o livro não seja percebido como um mero documento, e sim como um volume cuidadosamente elaborado e composto de diversos elementos pré-textuais e textuais também.
Dando sequência ao review, se a opção (1) da aba de versionamento, anteriormente mencionada, é referente à diagramação profissional no InDesign, a opção (4) é uma alternativa de edição voltada à impressão profissional. Com o formato print-ready, o pdf gerado pode ser impresso ou enviado para serviços como Lulu ou Amazon KDP. Essa versão de pdf, cujo objetivo é ser transformado num volume de papel, tem algumas características específicas, tais como: ausência de capa, preparação da numeração e margens em frente e verso, etc.
Pessoalmente, não tenho interesse nesse serviço, mas sua existência é um ponto positivo e demonstra que o Leanpub não pretende manter seu livro somente dentro de sua loja digital. Por esse mesmo motivo, o aplicativo oferece uma opção de exportação do seu livro sem a própria marca do Leanpub (7) e até mesmo a exportação do próprio html.
É realmente interessante como o aplicativo permite substituir cirurgicamente algumas das atividades editorais, ao gosto do autor.
Alternativamente, o Leanpub pode substituir todas as fases da edição também, da escrita à venda, mas não impõe isso ao autor. Nessa linha, permite tonar pública a versão atual do livro com apenas um clique (6). Ao longo desse processo, o aplicativo acompanha toda rotina de publicação com um checklist, lembrando o autor de incluir alguns textos de marketing, notificações, classificações e, é claro, o preço do livro. Tudo isso fará parte da página de divulgação de cada publicação.
Não podemos nos esquecer que o Leanpub é essencialmente uma loja de livros digitais, embora forneça também uma versão gratuita do editor. Por isso, aqui e ali, o Leanpub dará algum empurrãozinho para que o autor coloque sua obra à venda. Isso não afeta negativamente o processo de escrita, que é bastante reservado no ambiente do editor.
Fiquei feliz com o resultado preliminar da publicação, mas percebi que é importante também explorar configurações adicionais para que o melhor resultado seja alcançado. Isso é assunto para o próximo post, no qual tratarei de assuntos como capa, indexação, registro de ISBN, etc.
Por enquanto, o que demonstramos foi a viabilidade de escrever um livro em Markdown gratuitamente, colocando a publicação à venda ou simplesmente distribuindo seu livro sem cobrar nada por isso.
Até breve!
Ferramentas de comentário para instalar no seu blog
Comparativo das alternativas ao Disqus e minha experiência com o Commento
Embora existam diversas alternativas de ferramenta de comentário disponíveis no mercado, se você optou por ter um blog no Ghost (como este), praticamente sua única opção gratuita é o Disqus. Mas, como ele exibe anúncios ou cobra USD 12 por mês para a versão sem publicidade, não é a minha escolha.
O Disqus é bastante completo, o que certamente é uma virtude. No entanto, pode ser que ele exiba tantas funcionalidades que o seu conteúdo fique em segundo plano. Por exemplo, o Disqus tem (1) um carrossel para exibir posts do seu blog e publicidade; (2) uma caixa de opções para reações no estilo emoji; (3) um formulário para postar sua mensagem; e muito mais. Tudo isso é exibido antes que você veja os próprios comentários:
A posição de liderança do Disqus fica fortalecida se considerarmos que são poucas as alternativas com interface em português. Imagino que a principal alternativa em português seja o sistema de comentários do Facebook. Mas imagino também que, se você procura uma alternativa ao Disqus, muito provavelmente está evitando o Facebook pelas mesmas razões.
Ainda que não tenha interface em português, o Commentbox ao menos é minimalista ao ponto de o idioma da interface tornar-se algo secundário. Além disso, é uma das poucas ferramentas que oferecem um plano gratuito (até 100 comentários por mês). É claro que sempre achamos que nosso blog vai ter muitos comentários, o quem nem sempre se confirma.
Então começar pelo Commentbox é uma estratégia inteligente, especialmente se considerarmos que ele permite instalar uma solução gratuita, leve e bonita em "cinco minutos". Nenhuma das alternativas que testei foi tão fácil de instalar.
Caso prefira manter a instalação de uma ferramenta minimalista open source, a melhor opção parece ser o Remark42. O que chama atenção nessa alternativa é que o suporte para tradução tem bastante destaque em sua proposta. Até onde pude pesquisar, trata-se da única alternativa open source com suporte a dezesseis idiomas. Infelizmente, ninguém ainda contribuiu com a tradução para português, mas isso é o mais perto que chegamos de ter uma ferramenta de comentários realmente aberta a diversas traduções.
No que concerne ao Ghost, nos últimos tempos, passou a concorrer no mercado uma alternativa exclusiva para plataforma, chamada Cove. É uma solução muito elegante, especialmente por ser integrado ao Ghost. Em razão disso, dispensa um login adicional e oferece a melhor experiência que encontrei. Mas isso tem um preço, que é de aproximadamente USD 10 por mês. Minha impressão é que o Cove é a melhor solução para quem está ganhando dinheiro com seu blog e, por isso, faz questão de oferecer a melhor experiência disponível.
Muitos usuários do Ghost utilizam o Hyvor Talk em busca de uma solução de bom custo-benefício, com planos a partir de USD 5 por mês. Pessoalmente não gosto do visual do aplicativo na versão padrão, mas aparenta ser uma opção robusta. Talvez seja uma opção adequada para quem busca um visual mais informal e divertido.
Na mesma faixa de preço, existe o FastComments, que tem um visual mais neutro e suporte para tradução automática em sete idiomas:
Para quem considera manter também um fórum (além da própria ferramenta de comentários), o Talkyard oferece uma solução híbrida (de comentários e de fórum em um só produto) a um preço competitivo. O aplicativo custa pouco mais de USD 2 por mês. Não testei o Talkyard, mas fiquei muito curioso, pois tem uma proposta muito diferente da concorrência, além de ser open source. Para que se tenha uma ideia do preço de um concorrente mais tradicional, o Muut custa, no mínimo USD 16 por mês e oferece ferramenta semelhante.
É muito honesta a proposta do Talkyard ao reconhecer que você só vai precisar de um fórum no dia que a sua comunidade não couber mais nos comentários do blog. Só pela honestidade já dá vontade de testar o produto. Outro aspecto interessante é que ele segue bastante o visual do Discourse, que é a principal ferramenta de fóruns mais robustos. Infelizmente, também é parecido com o Discourse no uso de recursos, pois são fóruns robustos, e não meras ferramentas de comentário.
Isso termina encarecendo muito a hospedagem do Talkyard open source, a ponto de provavelmente se tornar um fator impeditivo de sua adoção. Em contraste, os planos pagos, oferecidos pela própria Talkyard, são bastante acessíveis e talvez assim instalar o serviço no seu próprio servidor não seja a opção mais barata.
Durante um tempo, após considerar todas essas opções, cheguei a usar o Commento. Realmente gosto do visual e da performance da ferramenta. Mas sua manutenção open source terminou se mostrando onerosa, especialmente porque a instalação demanda muita configuração. Mesmo as orientações mais simples que encontrei ainda demandam o domínio de vários prerrequisitos. Por isso não vejo o Commento como uma alternativa muito conveniente para a maioria das pessoas.
Além disso, na versão open source, você não se desonera de manter um serviço de notificações por email. Assim, a manutenção terminou sendo alta e hoje não mais utilizo a ferramenta.
Apesar da ajuda fornecida pela comunidade, é provável que você encontre percalços na instalação do Commento. O que quero dizer é que não basta que o aplicativo seja open source. É necessário também que sua instalação não represente uma barreira, tanto em termos de custo, quanto em termos técnicos. E o que eu percebi é que a instalação do Commento é realmente complexa para um leigo.
A alternativa a instalar e manter o aplicativo, por seus próprios meios, seria assinar o serviço do Commento, que custa USD 10 por mês. O valor está em linha com o cobrado pelos concorrentes, mas para mim ainda é caro:
Outro ponto desfavorável do Commento é que não conta com uma versão em português. O pior é que realmente não vejo perspectiva que o produto venha a ser traduzido, pois o desenvolvedor já se manifestou dizendo que isso não é uma prioridade para ele. Sabemos que existem vantagens e desvantagens de usar um software de um desenvolvedor independente. No caso, seu desinteresse pelo português pode criar uma barreira intransponível para potenciais usuários.
A única coisa certa é que, por mais que eu sinta que minha busca não tenha se encerrado, não preciso mais voltar ao Disqus. E isso já me satisfaz.
Aplicativos para complementar cursos oferecidos pelo Teams
Como solucionar as fragilidades da solução da Microsoft para cursos remotos?
Sabemos que o Teams é a solução de escritório digital da Microsoft. Mas sabemos também que sua ferramenta de vídeo é muito usada para conferências, o que inclui a gravação de aulas online. Então não é surpresa que muitos de nós utilizemos o Teams para oferecer cursos de forma remota.
Apesar de sua popularidade, sempre achei que o Teams tem alguns pontos fracos para esse uso. Um dos pontos centrais para mim é a ausência de uma boa ferramenta de avaliação. Felizmente, esse ponto hoje está completamente resolvido com o uso do Akindi. Este é meu post sobre como aplico minhas provas objetivas com o auxílio dessa ferramenta.
A outra questão complicada para é que o Teams não tem uma boa central de notificações. Pensando nisso, passei a organizar meus cursos com o auxílio do Ghost, pois assim foi possível criar uma espécie de newsletter para os alunos. Meus cursos passaram a ter então a seguinte cara:
Embora tenha sido um avanço a adoção desse layout, acabei concluindo que eu não precisaria de manter um Ghost só para ter uma newsletter. Isso poderia ser feito com mais facilidade com algo no estilo do Revue ou do Substack. Realmente vale a pena dar uma olhada nessas soluções para envio de mensagens a uma comunidade, pois podem ser um bom complemento para o Teams.
É que essas soluções, além de servirem para mandar emails, são ótimas para organizar inscritos, o que é algo que o Teams nunca pretendeu fazer. No meu caso específico, ainda que os estudantes tivessem cadastro no Teams, muitas vezes o email cadastrado não era o mais utilizados por eles. Em razão disso, era muito importante criar uma ferramenta de gerenciamento que servisse à criação da lista de emails com os endereços de preferência atual dos alunos.
Levando isso em consideração, terminei optando pelo Sendfox. Trata-se da solução de newsletter da AppSumo Originals, que é uma linha de produtos com ótimos planos gratuitos ou com opções de bom custo-benefício. Ademais, a própria AppSumo resolve a principal limitação do Sendfox, consistente em que a landing page para divulgação da lista de email não é muito customizável. A solução para isso se chama Sleekbio e é também uma oferta gratuita da mesma empresa.
Na verdade, o Sleekbio foi criado para que você tenha uma página pessoal, e não uma landing page comercial, razão pela qual se espera que você tenha apenas um endereço e que o conecte com suas redes sociais. Apesar disso, nada impede que a criação de novas contas no Sleekbio, valendo-se da excelente plataforma deles para criar páginas que não sejam apenas um endereço para a sua bio. Sua integração com as ferramentas da AppSumo é totalmente transparente e causa uma ótima impressão.
Em resumo, eu preciso de uma solução para aplicar provas objetivas (Akindi). Preciso também de uma solução para gerenciamento de emails e notificações (Sendfox). Por fim, preciso que tudo isso esteja integrado num endereço só, numa espécie de landing page (Sleekbio).
O lado ruim é que essas ferramentas, por serem comerciais, não me permitem ter um endereço web customizado. No entanto, isso não é tão importante para o meu uso e prefiro saber que posso contar com esses serviços gratuitamente ou a um preço bem camarada, caso em que decida tirar o máximo de cada um deles. Hoje os planos gratuitos me atendem e acho que podem servir a você também.
Reorganizando meus cursos no Teams
O Teams não é ótimo em nada. Mas todo mundo sabe usar e isso me basta.
Logo quando teve início o primeiro semestre de aulas remotas, publiquei aqui um post descrevendo quais ferramentas escolhi para gerir os cursos que leciono na Faculdade de Direito da UnB. Preciso reconhecer que não foram as melhores escolhas.
Passei a usar o Teams, que é a ferramenta oferecida pela organização na qual trabalho. Não morro de amores pelo Teams, mas acho que ninguém morre. Bom ou ruim, todo mundo já usou o aplicativo e sabe como as coisas se organizam.
Particularmente, detesto as notificações do Teams, pois até hoje não consegui evitar que ele me mande email replicando as notificações já exibidas dentro do aplicativo. De outro lado, a ferramenta de vídeo é muito boa e terminou que essa foi a única funcionalidade que usei de verdade.
E quais foram meus maiores erros na escolha de uma solução com vários aplicativos?
O primeiro erro foi subestimar o trabalho exigido para manter um curso atualizado no nível que eu pretendia. Ao longo do semestre, me dei conta que o trabalho estava sendo muito maior do que eu imaginava e não consegui cumprir o prometido.
O segundo erro foi achar que eu poderia utilizar um modelo de organização de informações (que hoje é a regra no suporte ao cliente) para a organização de um curso acadêmico. Terminei percebendo que para alcançar todos os alunos você tem que mudar o mínimo possível a forma de exibição do seu curso. Bem, se eles são os usuários e querem algo que seja familiar a eles, inovar aqui é um risco.
O terceiro erro foi supor que os alunos utilizariam uma ferramenta de comentários adicional para falar comigo e entre si. Isso realmente não aconteceu. Nem mesmo os alunos utilizaram um recurso para falar apenas comigo. Então, nem tive sucesso no fórum, nem no chat. Terminei cedendo ao WhatsApp, o que era meu maior medo.
Meu quarto erro foi utilizar uma ferramenta gratuita de envio de emails. Confesso que não entendi o que se passou direito. Mas o fato é que o Mailgun não teve uma taxa de entrega de mensagens muito boa e que o funcionamento do Ghost para esse tipo de interação não é livre de riscos. Alguns emails simplesmente não chegavam ou eram identificados como spam.
Mas não tive apenas erros e algumas coisas funcionaram muito bem.
Manter uma ferramenta de feedback em tempo real foi muito interessante, pois confirmei os pontos fortes da minha proposta de curso. De outro lado, o feedback negativo não chegou por esse canal. Imagino que o estudante evite dar um retorno negativo ao seu professor até o fim do semestre.
Publicar mapas mentais com o conteúdo foi um ponto muito positivo. Aqui não tive muita surpresa, pois é algo que eu sempre soube, mesmo antes de usar uma ferramenta de feedback. Em geral, qualquer organização resumida e visual faz muito sucesso com os estudantes.
Por fim, outro ponto que funcionou bem - talvez por ser complementar aos mapas mentais - foi o podcast que criei. Eu fiz um micro-podcast, gravado no Anchor e publicado no Spotify. Foi uma experiência interessante, pois é muito prático produzir conteúdo dessa forma.
É isso. Esses foram meus erros e acertos. De agora em diante, vou utilizar o Teams como principal aplicativo para dar aulas. Não é que o Teams seja excelente em nada. Ele apenas é uma plataforma que todos conhecem e na qual eu posso postar minhas aulas gravadas.
No próximo post vou explicar quais os três aplicativos que continuarei a usar em complemento ao Teams no semestre que está para ter início.
Até breve!
PS: Segue o post com a atualização prometida:
A ferramenta de revisão de texto para usar uma vez na vida
ProWritingAid é uma alternativa ao Grammarly, só que mais caro. Vale?
Se você vai escrever seu trabalho de conclusão de curso (ou mesmo uma dissertação), de algum modo, é algo que fará "uma vez na vida". E isso é bastante incompatível com assinar um aplicativo de revisão que te cobre todo mês.
Se esse é seu caso, acho que vale usar o trial do ProWritingAid, mesmo que seja um aplicativo sem suporte para português. É que o ProWritingAid tem alguns relatórios de revisão de texto muito interessantes que funcionam independentemente do idioma, especialmente o que encontra frases repetidas e o que mede o cumprimento das frases.
Só isso já coloca seu texto em outro nível, pois impede a repetição de períodos e palavras em várias passagens, além de alertar para parágrafos que tenham se tornado incompreensíveis por seu tamanho. O site da ferramenta assim descreve essas funcionalidades:
Mas veja que meu conselho é usar o trial, já que a compra tem um argumento contrário muito eloquente: o preço. Se você assinar um mês apenas, vai gastar pelo menos USD 20. E isso não inclui a busca por plágio, que de todo modo não serviria para quase nada, já que a ferramenta só checa plágio em inglês.
Então a recomendação que faço é que use uma vez na vida somente, pois a redação da sua monografia é um momento muito importante para não contar com revisão. Caso queira fazer uso frequente de uma ferramenta semelhante e gratuita, o Hemingway é a opção mais adequada, desde que seja para verificações rápidas. Reforço que o ProWritingAid tem o diferencial de oferecer relatórios mais robustos que a concorrência e que, no meu modo de ver, tem uma abordagem única ao problema que busca resolver.
Isso se aplica a quem escreve em inglês? Não. Afinal, para quem escreve em inglês existem alternativas mais em conta e com boa capacidade, como o Ginger, o PerfectIt, o Linguix, o Trinka e o Grammarly, que é o líder de mercado:
E quais as opções gratuitas para português? Sempre existirá o Word, que não te cobra nada mais por uma revisão de grafia e gramática básica. Do mesmo modo existe o Chrome, se você escreve no navegador. Além disso, a Microsoft está investindo no Editor, uma verdadeira ameaça a todos os programas que mencionei, principalmente por vir incluído no pacote do Microsoft 365 com as mesmas funcionalidades das alternativas pagas.
Assim, a missão do Microsoft Editor parece mesmo ser a de matar o Grammarly, mantendo o império Office livre de ameaças. E só mesmo a Microsoft pode se organizar a ponto de oferecer um produto robusto para o mercado brasileiro, considerando o preço atual do dólar, sua tradição e onipresença.
Enquanto isso, o LanguageTool corre por fora, oferecendo uma solução que teoricamente funciona em português, mas que me parece um pouco limitada. O funcionamento da extensão em si e do quadro de revisão é muito boa, mas as sugestões não me acrescentam muito.
Em síntese, para quem escreve em inglês, o carro-chefe das ferramentas pagas é uma revisão que vai além da grafia e da gramática, incluindo sugestões de clareza e estilo. O argumento de venda de todos eles parece ser um só e bastante terrorista: "não mande um e-mail inadequado para o seu chefe, pois isso custaria ainda mais caro".
Já para quem escreve em português a ameaça é ainda maior: não existe ainda uma ótima opção. Por enquanto, a saída para os usuários da Microsoft é continuar usando o Word e o Editor. E para quem escreve no navegador, pode usar o corretor do Chrome ou o LanguageTool, apesar de suas limitações.
Para concluir: use o que você tem. Quero dizer, isso se aplica ao dia a dia, adicionando os relatórios do Hemingway ou do trial do ProWritingAid para revisões daqueles textos longos e escritos apenas uma vez na vida.
Em busca do "link na bio" perfeito
Como integrar todas as ruas redes sociais a partir de um único link na sua página de perfil?
Desde que o Instagram se tornou uma das principais redes sociais (talvez a principal sob certo enfoque), a expressão "link na bio" passou a ser muito usada. Isso decorre de uma limitação do Instagram, que praticamente não permite a postagem de um link clicável. Afinal, você só tem um link fixado na sua página de perfil.
Para contornar essa limitação, foi criada uma classe de ferramentas para gerir o "link na bio" e a Linktree é a mais famosa delas. Mas, pessoalmente, não gosto do resultado, já que se trata apenas de uma lista com inúmeros links. Com isso, é razoável supor que muita gente desista de clicar no link que desejava inicialmente, simplesmente porque a decisão de escolha é muito cansativa.
A solução mais adequada sempre me pareceu criar uma landing page pessoal, que nada mais seria do que um hub para distribuir o tráfego direcionado para o "link na bio". É claro que existem mil formas de criar uma landing page, mas sua criação e gestão representam desafios que podem ser significativos. Ainda que você saiba como criar e gerir essa página, isso fatalmente consumiria algum tempo.
Por isso fiquei tão feliz quando encontrei um serviço chamado Sleekbio. Trata-se de uma ferramenta lançada recentemente e que tem como propósito demonstrar seu portfólio digital de uma maneira bastante pessoal. É uma ferramenta para pessoas físicas apenas e acho que isso diferencia bem o espaço das empresas. Pessoas jurídicas precisariam de uma página institucional, o que é incompatível com o propósito da Sleekbio.
Foi muito rápido colocar minha página no ar. No fim, por um capricho desnecessário, terminei escolhendo comprar o aplicativo. O valor é de USD 19,00 em pagamento único e só o fato de não ser mais uma assinatura já é uma grande vantagem. Quando você paga ele continua exibindo uma marca menor no rodapé, de modo que não chega a ser um produto totalmente customizável.
O resultado da publicação é uma página que vai direto ao ponto, identificando o que é mais importante para você no momento:
Ao final, você deve colocar um rodapé com indicação das suas redes sociais - o que é meio caminho andado para quem precisa de uma solução para integrar diversos perfis. Como adiantei, veja que eles continuam a exibir as iniciais da ferramenta (SB) ao final da sua página, mesmo no plano pago:
Em síntese é isso. Não poderia ser mais fácil.
Antes de aderir talvez você deva considerar que se trata de um aplicativo da família da AppSumo Originals. Por isso é natural que eles venham a lançar integrações pagas para ampliar as funcionalidades, por exemplo: newsletter, sorteios e agenda de compromissos.
Seja como for, se a AppSumo se mantiver fiel à proposta, veremos sempre soluções que não são as melhores, mas são sempre uma alternativa de bom custo benefício. E isso é justamente o que basta na maioria das vezes.
Como estudar direito processual civil (sozinho)
No post explico como tentar entender a lei processual separando os fluxos, as listas e os conceitos presentes nela.
Com o início recente dos meus cursos remotos, algumas coisas ficaram mais claras na minha cabeça sobre como estudar direito processual. Na verdade, acho que essa abordagem vale para qualquer tipo de matéria jurídica dogmática.
A primeira meta do estudante deve ser se tornar capaz de ler a lei (ainda que com algumas lacunas de compreensão). E ele deve se lembrar sempre que essa não é uma tarefa fácil. Naturalmente, para alcançar essa primeira meta, o estudante deve saber o tema que vai estudar e identificar os respectivos artigos no Código.
Caso tenha qualquer dificuldade na leitura da lei, deve buscar um material de apoio. O principal material de apoio é um manual. Caso queira aprofundar um assunto, daí será possível buscar um curso com vários volumes ou mesmo uma monografia apenas para cuidar disso.
Na sequência, minha recomendação é que o estudante destaque na lei os fluxos, as listas e os conceitos de sua leitura.
Eu acho essa divisão entre fluxos, listas e conceitos algo fundamental, pois ajuda a fragmentar o problema do estudante. Vamos ver um exemplo do Código de Processo Civil, separado em quatro partes:
"Art. 523. (1) [No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa], (2) [o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente], (3) [sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias], (4) [acrescido de custas, se houver.]"
O fluxo é intimar o executado a pagar em 15 dias (3). Essa é a parte principal. No mais, existe uma lista de requisitos (1), uma indicação de modo (2) e um complemento sobre o modo (4). Penso que essas listas são atributos do fluxo: requisitos, modos, consequências, particularidades, etc. Já os conceitos não estão nessa mecânica, referindo-se à semântica de certas palavras, cujo sentido é normativamente definido, por exemplo: liquidação, cumprimento definitivo, sentença, etc.
Com isso quero dizer que, tratando-se de direito processual, o leitor deve sempre buscar entender o fluxo. As listas são importantes, mas não podem retirar o protagonismo do fluxo. E os conceitos, na verdade, são totalmente estáticos e não interferem na dinâmica do fluxo. Geralmente um conceito terá um título reservado para si na lei, de modo que sua presença num fluxo é uma espécie de referência (ou seja, um atalho) pra outro ponto da lei.
Como o professor pode ajudar o aluno nessa jornada?
O professor pode fazer um mapa mental, que será útil para fazer uma "listas das listas". Mas o mapa mental não tem uma boa representação do fluxo, que seria melhor notado por meio de um fluxograma. Elaborar fluxogramas é mais difícil e geralmente não faz parte da nossa cultura jurídica. Isso termina gerando uma confusão, pois as pessoas não separam bem o que é uma lista e o que é um fluxo.
Por seu turno, a explicação dos conceitos deve ser feita como uma nota de rodapé na descrição do fluxo. No meu modo de ver, um problema está em que nossa cultura jurídica coloca ênfase nas descrições conceituais, especialmente no início do curso de direito - o que é insuficiente para entender os fluxos das matérias processuais.
Então meu conselho é que o estudante tente ler a lei e, com o auxílio dessas classificações, identifique qual é a lacuna que existe na sua compreensão. Se faltou um conceito, busque o conceito. Se faltou entender o encadeamento do fluxo, tente entender os fluxos anteriores ou os fluxos paralelos. Ao menos o estudante terá uma boa intuição do que buscar.
Ao ir e vir na lei, buscando apoio na doutrina (quando necessário), o estudante avança na compreensão da matéria. O que me parece ser uma armadilha é deixar que o estudante leia a a lei como quem lê qualquer tipo de prosa. O risco de incompreensão é alto e, sem as ferramentas que descrevi, o entendimento da lei processual pode se tornar ainda mais difícil.
Estruturando meu curso remoto de Direito Processual Civil
No post explico como estou organizando as disciplinas que leciono na UnB e listo as minhas ferramentas preferidas para isso.
Com a necessidade de realizar cursos de forma remota, resolvi investir mais na metodologia que, de algum modo, eu já vinha desenvolvendo. O exemplo que dou aqui é referente às disciplinas que leciono na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, instituição que passou a trabalhar remotamente no segundo semestre de 2020.
Em termos de ferramentas, meu curso está estruturado à semelhança de uma base de conhecimento - do tipo em que encontramos em todo aplicativo moderno. Apenas apliquei ao direito a abordagem de perguntas e respostas (FAQ) acopladas a uma ferramenta de busca, de modo o estudante não precise receber nenhum treinamento. A aparência é bastante familiar:
O vídeo mostra que é possível navegar pela busca e que cada tópico tem, como material de apoio, um mapa mental e um áudio curto. Inicialmente, achei que essa receita funcionaria para todos, mas agora estou repensando como estruturar melhor o conteúdo, pois o retorno que tive dos estudantes não foi tão bom quando eu imaginava.
O problema parece estar em que o mapa mental é muito bom para o autor do próprio mapa, e não para o leitor. Como eu já tinha essa limitação em mente, escolhi publicar também um áudio curto (micro podcast) explicando o mapa mental. Hoje considero fazer podcasts mais longos e indicar alguns textos que já constam da bibliografia (por volta de 20 páginas cada texto). Atualizarei este post no futuro compartilhando com vocês os resultados obtidos.
Mas atualmente o que tenho é essa estrutura de base de conhecimento e acho que a proposta foi bem recebida. Em cima desse "chassi", adicionei algumas ferramentas opcionais: fórum, chat, email, feedback, notificações por email etc. Todas são as ferramentas mais simples que encontrei, pois realmente queria ir direto ao ponto.
Ainda não consegui emplacar a interação via fórum e chat, mas as demais funcionalidades tiveram boa aceitação. Recebo frequentemente emails com pedidos de esclarecimento e dúvidas sobre a matéria e envio, também por email, as notificações sempre que publico conteúdo novo. Essa parte acho que tem funcionado muito bem.
Até agora minhas principais escolhas funcionaram, pois o que eu queria mesmo era evitar mais um grupo de WhatsApp, além de não ficar limitado ao ambiente fechado do Moodle. O WhatsApp é muito informal e não respeita as fronteiras entre o trabalho e a vida social. E o Moodle é uma plataforma robusta, mas que já sente o peso da idade.
Não sei se posso recomendar aos outros professores minha receita, pois terminei construindo um mosaico de ferramentas que talvez só funcione bem para mim. Outra forma de dizer isso é reconhecer que a curva de aprendizado é grande. Bem, eu buscava uma solução definitiva para mim, pois pretendo ainda lecionar por muitos anos. Para mim valeu o investimento. 😅
Para a base de conhecimento, utilizo um blog Ghost, que é uma plataforma open source. Ou seja, o software é gratuito e você fica responsável pela hospedagem. A customização fiz a partir de um template pago chamado Digidocs (USD 59), mas você pode escolher outro que atenda.
O restante das ferramentas são aplicativos utilizados em sua versão free, na seguinte sequência: Disqus (fórum exibido ao final de cada post), Gitter (chat exibido somente na página inicial), Emojicom (feedback exibido após determinado tempo de leitura), Mailgun (gestão de membros e notificações por email) e Hypothesis (painel lateral de grifos e anotações). Os mapas mentais são feitos em XMind e o podcast foi gravado no Anchor e distribuído pelo Spotify.
Espero que essas referências sirvam de inspiração para ajudar você a organizar seus cursos, caso precise da mesma flexibilidade que eu. Mas realmente acho que não é a melhor escolha para todos e que você pode hospedar gratuitamente seu curso no Canvas, pois não precisaria se preocupar com nada, apenas com suas aulas.
Em resumo, estou estruturando meus cursos com esse conjunto de ferramentas, pois quero ter a máxima flexibilidade na sua organização. Mas entendo que a melhor solução para a maioria seria algo mais simples e que já venha pronto. E então, qual é o seu perfil? Prefere buscar uma solução mais customizada ou algo que já esteja pronto?