produtividade
Gamificação na sala de aula: para além do Kahoot!
Comparativo de aplicativos pagos e gratuitos para atividades lúdicas em sala de aula.
Testei recentemente o aplicativo CrowdParty, que pretende ser uma alternativa de gamificação ao Kahoot!, um verdadeiro gigante da edtech. A proposta do CrowdParty é ajudar a quebrar o gelo entre participantes de encontros virtuais e presenciais, por meio de jogos eletrônicos que convidam a socializar (no mundo do trabalho) e a aprender (no ambiente acadêmico).
Essas características definem o mercado das ferramentas de interação com o público. Isso pressupõe que você já tenha uma apresentação em andamento, pois as ferramentas como o CrowdParty são apenas um acessório à comunicação. É muito importante destacar essa característica, pois dela decorre que o usuário remoto vai precisar de duas telas ou mesmo dois dispositivos para interagir, um para acompanhar a reunião e outro para jogar propriamente.
Os jogos clássicos desse tipo de ferramenta são a trívia e as charadas. Mas o CrowdParty já tem algumas variações desses jogos, cujo conteúdo pode ser customizado. Na verdade, apesar de contar com algumas configurações avançadas, a plataforma ainda está em estágio inicial de desenvolvimento, não contando com algumas ferramentas básicas, a exemplo de tradução da interface. Por isso qualquer comparação direta com o Kahoot! seria injusta.
Em termos de preço, o CrowdParty é gratuito até 10 jogadores, o que é compatível com demais planos gratuitos do mercado. Os planos para 50 jogadores começam em USD 20/mês, o que considero um valor alto:
O CrowdParty não é a única alternativa ao Kahoot!, existindo no mercado vários aplicativos que pretendem explorar oportunidades deixadas pelo líder do segmento. O AhaSlides, por exemplo, tem um plano gratuito com diversos tipos de questões, além de oferecer uma ferramenta de slides com foco nos professores. Se preço é competitivo, custando USD 5/mês para até 50 jogadores.
Se você precisa de uma solução gratuita para até 25 pessoas, o Poll Everywhere parece ser a única opção. Trata-se de uma opção com visual mais sóbrio do que as demais. Já o GimKit, apesar de ser uma empresa pequena, tem foco em plano corporativos para escolas, iniciando em USD 1.000/ano/escola. Ainda dentro do mercado educacional, com a diferença de se orientar mais à atividade de aplicação de provas e ser mais sóbrio, existe o ClassMaker.
Há também o Quizizz, que talvez seja o concorrente mais direto do Kahoot!, tendo em vista sua enorme biblioteca de modelos. Apesar desse grande acervo, os tipos de questões disponíveis são limitados. Seu preço é de USD 19/mês para o plano de 100 jogadores. O Slido, por seu turno, é uma opção focada no mercado corporativo, muito mais do que no educacional. Tem a grande vantagem de um plano gratuito com até 100 jogadores, mas limitados a três enquetes:
Em conclusão, existem diversas alternativas quando o assunto é engajar seu público presencial ou virtualmente. Algumas são soluções mais corporativas e outras mais educacionais, embora geralmente os aplicativos atendam a ambos.
Se você busca um plano gratuito, a escolha vai depender do tamanho do seu público. Embora tenha limitações, o Slido é o único que permite até 100 participantes. Na sequência, o Poll Everywhere também é o único a permitir 25 participantes no plano gratuito. Os demais aplicativos oferecem planos gratuitos apenas para pequenos grupos, o que para mim seria insuficiente.
O aplicativo original do Mac para organização dos aplicativos (chamado Launch) replica a mesma sistemática do celular para exposição de todos os programas instalados. Basicamente, o Launch exibe uma lista de ícones que podem ser agrupados em conjuntos. E a própria forma de mover os ícones é em tudo semelhante ao que se faz em um celular. Em que pese essa simplicidade tenha um lado bom, pode se tornar bastante limitante também.
Como, até recentemente, eu tinha muitos aplicativos instalados no Mac (muito dos quais apenas testei e já deveria ter desinstalado), cheguei ao ponto de ter dificuldade de encontrar os programas pelo nome. Foi aí que resolvi instalar um programa para gestão do próprio Launch e as coisas começaram a sair do controle. Assim, por mais de uma vez, perdi a organização feita e isso me desestimulou a manter a solução.
Mas agora acabei de encontrar uma me parece ser uma solução bastante elegante, chamada Overflow 3 (USD 14,95). No meu modo de ver, o Overflow é uma espécie de barra de favoritos para os seus aplicativos. Afinal, você coloca no Overflow somente os aplicativos que quiser. E, ao retirá-los de lá, eles não são desistalados, de modo que o Overflow é uma camada adicional de organização.
Embora minha comparação seja sempre com o Launch, o Overflow se coloca também como uma alternativa ao próprio Dock, que são os atalhos mais nobres que você pode ter para os aplicativos. Além disso, o Overflow tem uma boa busca para arquivos, pastas, imagens e links. Ou seja, todos esses tipos de conteúdo podem ser colocados no Overflow.
Essa soma de funcionalidades me permitiu organizar aplicativos nativos e links para web apps (cada vez mais frenquentes) em um mesmo ambiente. Na prática, não paro mais para pensar se tenho aquele aplicativo realmente instalado no meu computador ou se o atalho levará a um endereço no navegador. E, como tudo isso é feito o auxílio de abas que podem identificar os grupos de aplicativo, o acionamento dos programas ficou muito mais rápido.
Imagino que se perder em seus aplicativos seja um problema incomum, pois as pessoas tendem a ter um número reduzido de programas instalados. Mas se você, como eu, está sempre testando novas possibilidades, talvez termine caindo na mesma armadilha. Ao menos agora sabe que conta com o Overflow para não ficar perdido para sempre na tela do seu Mac.
Aplicativos para complementar cursos oferecidos pelo Teams
Como solucionar as fragilidades da solução da Microsoft para cursos remotos?
Sabemos que o Teams é a solução de escritório digital da Microsoft. Mas sabemos também que sua ferramenta de vídeo é muito usada para conferências, o que inclui a gravação de aulas online. Então não é surpresa que muitos de nós utilizemos o Teams para oferecer cursos de forma remota.
Apesar de sua popularidade, sempre achei que o Teams tem alguns pontos fracos para esse uso. Um dos pontos centrais para mim é a ausência de uma boa ferramenta de avaliação. Felizmente, esse ponto hoje está completamente resolvido com o uso do Akindi. Este é meu post sobre como aplico minhas provas objetivas com o auxílio dessa ferramenta.
A outra questão complicada para é que o Teams não tem uma boa central de notificações. Pensando nisso, passei a organizar meus cursos com o auxílio do Ghost, pois assim foi possível criar uma espécie de newsletter para os alunos. Meus cursos passaram a ter então a seguinte cara:
Embora tenha sido um avanço a adoção desse layout, acabei concluindo que eu não precisaria de manter um Ghost só para ter uma newsletter. Isso poderia ser feito com mais facilidade com algo no estilo do Revue ou do Substack. Realmente vale a pena dar uma olhada nessas soluções para envio de mensagens a uma comunidade, pois podem ser um bom complemento para o Teams.
É que essas soluções, além de servirem para mandar emails, são ótimas para organizar inscritos, o que é algo que o Teams nunca pretendeu fazer. No meu caso específico, ainda que os estudantes tivessem cadastro no Teams, muitas vezes o email cadastrado não era o mais utilizados por eles. Em razão disso, era muito importante criar uma ferramenta de gerenciamento que servisse à criação da lista de emails com os endereços de preferência atual dos alunos.
Levando isso em consideração, terminei optando pelo Sendfox. Trata-se da solução de newsletter da AppSumo Originals, que é uma linha de produtos com ótimos planos gratuitos ou com opções de bom custo-benefício. Ademais, a própria AppSumo resolve a principal limitação do Sendfox, consistente em que a landing page para divulgação da lista de email não é muito customizável. A solução para isso se chama Sleekbio e é também uma oferta gratuita da mesma empresa.
Na verdade, o Sleekbio foi criado para que você tenha uma página pessoal, e não uma landing page comercial, razão pela qual se espera que você tenha apenas um endereço e que o conecte com suas redes sociais. Apesar disso, nada impede que a criação de novas contas no Sleekbio, valendo-se da excelente plataforma deles para criar páginas que não sejam apenas um endereço para a sua bio. Sua integração com as ferramentas da AppSumo é totalmente transparente e causa uma ótima impressão.
Em resumo, eu preciso de uma solução para aplicar provas objetivas (Akindi). Preciso também de uma solução para gerenciamento de emails e notificações (Sendfox). Por fim, preciso que tudo isso esteja integrado num endereço só, numa espécie de landing page (Sleekbio).
O lado ruim é que essas ferramentas, por serem comerciais, não me permitem ter um endereço web customizado. No entanto, isso não é tão importante para o meu uso e prefiro saber que posso contar com esses serviços gratuitamente ou a um preço bem camarada, caso em que decida tirar o máximo de cada um deles. Hoje os planos gratuitos me atendem e acho que podem servir a você também.
Reorganizando meus cursos no Teams
O Teams não é ótimo em nada. Mas todo mundo sabe usar e isso me basta.
Logo quando teve início o primeiro semestre de aulas remotas, publiquei aqui um post descrevendo quais ferramentas escolhi para gerir os cursos que leciono na Faculdade de Direito da UnB. Preciso reconhecer que não foram as melhores escolhas.
Passei a usar o Teams, que é a ferramenta oferecida pela organização na qual trabalho. Não morro de amores pelo Teams, mas acho que ninguém morre. Bom ou ruim, todo mundo já usou o aplicativo e sabe como as coisas se organizam.
Particularmente, detesto as notificações do Teams, pois até hoje não consegui evitar que ele me mande email replicando as notificações já exibidas dentro do aplicativo. De outro lado, a ferramenta de vídeo é muito boa e terminou que essa foi a única funcionalidade que usei de verdade.
E quais foram meus maiores erros na escolha de uma solução com vários aplicativos?
O primeiro erro foi subestimar o trabalho exigido para manter um curso atualizado no nível que eu pretendia. Ao longo do semestre, me dei conta que o trabalho estava sendo muito maior do que eu imaginava e não consegui cumprir o prometido.
O segundo erro foi achar que eu poderia utilizar um modelo de organização de informações (que hoje é a regra no suporte ao cliente) para a organização de um curso acadêmico. Terminei percebendo que para alcançar todos os alunos você tem que mudar o mínimo possível a forma de exibição do seu curso. Bem, se eles são os usuários e querem algo que seja familiar a eles, inovar aqui é um risco.
O terceiro erro foi supor que os alunos utilizariam uma ferramenta de comentários adicional para falar comigo e entre si. Isso realmente não aconteceu. Nem mesmo os alunos utilizaram um recurso para falar apenas comigo. Então, nem tive sucesso no fórum, nem no chat. Terminei cedendo ao WhatsApp, o que era meu maior medo.
Meu quarto erro foi utilizar uma ferramenta gratuita de envio de emails. Confesso que não entendi o que se passou direito. Mas o fato é que o Mailgun não teve uma taxa de entrega de mensagens muito boa e que o funcionamento do Ghost para esse tipo de interação não é livre de riscos. Alguns emails simplesmente não chegavam ou eram identificados como spam.
Mas não tive apenas erros e algumas coisas funcionaram muito bem.
Manter uma ferramenta de feedback em tempo real foi muito interessante, pois confirmei os pontos fortes da minha proposta de curso. De outro lado, o feedback negativo não chegou por esse canal. Imagino que o estudante evite dar um retorno negativo ao seu professor até o fim do semestre.
Publicar mapas mentais com o conteúdo foi um ponto muito positivo. Aqui não tive muita surpresa, pois é algo que eu sempre soube, mesmo antes de usar uma ferramenta de feedback. Em geral, qualquer organização resumida e visual faz muito sucesso com os estudantes.
Por fim, outro ponto que funcionou bem - talvez por ser complementar aos mapas mentais - foi o podcast que criei. Eu fiz um micro-podcast, gravado no Anchor e publicado no Spotify. Foi uma experiência interessante, pois é muito prático produzir conteúdo dessa forma.
É isso. Esses foram meus erros e acertos. De agora em diante, vou utilizar o Teams como principal aplicativo para dar aulas. Não é que o Teams seja excelente em nada. Ele apenas é uma plataforma que todos conhecem e na qual eu posso postar minhas aulas gravadas.
No próximo post vou explicar quais os três aplicativos que continuarei a usar em complemento ao Teams no semestre que está para ter início.
Até breve!
PS: Segue o post com a atualização prometida:
Em busca do "link na bio" perfeito
Como integrar todas as ruas redes sociais a partir de um único link na sua página de perfil?
Desde que o Instagram se tornou uma das principais redes sociais (talvez a principal sob certo enfoque), a expressão "link na bio" passou a ser muito usada. Isso decorre de uma limitação do Instagram, que praticamente não permite a postagem de um link clicável. Afinal, você só tem um link fixado na sua página de perfil.
Para contornar essa limitação, foi criada uma classe de ferramentas para gerir o "link na bio" e a Linktree é a mais famosa delas. Mas, pessoalmente, não gosto do resultado, já que se trata apenas de uma lista com inúmeros links. Com isso, é razoável supor que muita gente desista de clicar no link que desejava inicialmente, simplesmente porque a decisão de escolha é muito cansativa.
A solução mais adequada sempre me pareceu criar uma landing page pessoal, que nada mais seria do que um hub para distribuir o tráfego direcionado para o "link na bio". É claro que existem mil formas de criar uma landing page, mas sua criação e gestão representam desafios que podem ser significativos. Ainda que você saiba como criar e gerir essa página, isso fatalmente consumiria algum tempo.
Por isso fiquei tão feliz quando encontrei um serviço chamado Sleekbio. Trata-se de uma ferramenta lançada recentemente e que tem como propósito demonstrar seu portfólio digital de uma maneira bastante pessoal. É uma ferramenta para pessoas físicas apenas e acho que isso diferencia bem o espaço das empresas. Pessoas jurídicas precisariam de uma página institucional, o que é incompatível com o propósito da Sleekbio.
Foi muito rápido colocar minha página no ar. No fim, por um capricho desnecessário, terminei escolhendo comprar o aplicativo. O valor é de USD 19,00 em pagamento único e só o fato de não ser mais uma assinatura já é uma grande vantagem. Quando você paga ele continua exibindo uma marca menor no rodapé, de modo que não chega a ser um produto totalmente customizável.
O resultado da publicação é uma página que vai direto ao ponto, identificando o que é mais importante para você no momento:
Ao final, você deve colocar um rodapé com indicação das suas redes sociais - o que é meio caminho andado para quem precisa de uma solução para integrar diversos perfis. Como adiantei, veja que eles continuam a exibir as iniciais da ferramenta (SB) ao final da sua página, mesmo no plano pago:
Em síntese é isso. Não poderia ser mais fácil.
Antes de aderir talvez você deva considerar que se trata de um aplicativo da família da AppSumo Originals. Por isso é natural que eles venham a lançar integrações pagas para ampliar as funcionalidades, por exemplo: newsletter, sorteios e agenda de compromissos.
Seja como for, se a AppSumo se mantiver fiel à proposta, veremos sempre soluções que não são as melhores, mas são sempre uma alternativa de bom custo benefício. E isso é justamente o que basta na maioria das vezes.
Comparativo: Notion vs. Bases de conhecimento tradicionais
Como escolher a melhor solução de perguntas frequentes e manual para um pequeno projeto?
A proposta do Notion
Já tratei aqui de como organizar uma base de conhecimento pessoal a partir de notas de texto. E, como o próprio nome diz, não se trata de uma base voltada ao compartilhamento dessas informações. Afinal, se você quiser compartilhar algo, precisará que essa informação esteja hospedada em algum serviço da internet.
Divulguei também recentemente que o Notion passou a ter um plano que permite a você compartilhar justamente esse tipo de informação, oferecendo portanto mais do que uma base de conhecimento pessoal. Isso significa que você pode sim usar o plano gratuito do Notion para hospedar uma base de conhecimento (com perguntas frequentes, tutoriais, manuais, etc), desde que estejamos falando de um pequeno projeto.
Afinal, como o Notion se compara com outras ferramentas de base de conhecimento?
Enquanto o Notion é uma ferramenta para organização de conteúdo (genericamente falando), as alternativas criadas para dar suporte a projetos (independentemente do seu porte) são marcadas pelo fluxo de trabalho que pretendem atender.
Softwares de suporte
Uma boa categoria de comparação para o nosso propósito é composta das ferramentas voltadas a atendimento do público, categoria também conhecida por help desk. O Zendesk é um exemplo, pois, ainda que seja centrado no recebimento de tíquetes, oferece uma base de conhecimento a um preço relativamente acessível (USD 5/mês).
Na verdade, você tem que pagar pela ferramenta de gestão de tíquetes de suporte e termina recebendo acesso à base de conhecimento, chamada Guide. Se estiver interessado nessa conjugação, pode ser uma alternativa. Mas, para mim, infelizmente o preço ainda é um problema.
O Zendesk nos leva a duas comparações assemelhadas, uma mais cara e uma mais barata. A mais cara é o Intercom (USD 99/mês, ou seja, proibitivo) e a mais barata é o Freshdesk, que tem um plano gratuito muito bom. A única desvantagem do Freshdesk é que só é possível customizar a aparência do seu portal de suporte nos planos mais caros (USD 49/mês).
Em resumo, bons softwares de suporte também oferecem, entre inúmeras opções, uma base de conhecimento. Você pode tirar vantagem disso, na medida em que essas ferramentas podem ter estratégias de cobrança que permitam o uso de uma base de conhecimento de forma gratuita ou a um preço acessível.
Essa oportunidade se deve a que portais de suporte, cada vez mais, estão oferecendo serviços complexos, o que inclui: automação de atendimento por meio de bots, integração da base de conhecimento com chat, suporte de diversos canais (incluindo Whatsapp, telefone e redes sociais), etc. Como as empresas tendem a cobrar por esses serviços sofisticados, a base de conhecimento em si pode terminar sendo oferecida de graça.
Softwares de documentação
Outra categoria de ferramentas que oferece bases de conhecimento são os softwares de documentação. A perspectiva é um pouco diferente da oferecida pelas soluções de suporte, pois dificilmente incluirão as funcionalidades de automação anteriormente listadas. Isso não quer dizer que sejam baratas, pois são ferramentas complexas ao seu modo.
O Gitbook tem um plano gratuito bastante interessante. O produto é espetacular, mas ainda não tem tradução para português. Na faixa de preço intermediária, existe o Confluence (USD 10/mês). Entre as opções mais caras e inviáveis para meu orçamento, o ReadMe tem planos iniciando em USD 99/mês.
Na verdade, como o mundo da documentação pretende atender desenvolvedores, é possível encontrar uma série de ferramentas gratuitas ou muito baratas. Mas, como o público é de desenvolvedores, possivelmente você precisará ser um desenvolvedor para instalar e gerir programas como o Sphinx, MkDocs, Docusaurus ou Read the Docs.
Preparando a conclusão...
O formato de base de conhecimento tem uma estrutura muito útil. Por ser independente de uma linha do tempo, trata-se de uma opção de organização bastante complementar a um blog, por exemplo. Mas também pode funcionar de forma autônoma. Eu mesmo, se soubesse disso no passado, teria utilizado a abordagem de base de conhecimento para resolver algumas demandas que terminaram não sendo bem atendidas por um blog.
Pode ser então que você, assim como eu, precise muito mais de uma base de conhecimento do que de um blog para resolver suas demandas atuais. A título de exemplo, mais recentemente, blogs corporativos tornaram-se repositórios de casos de uso, enquanto bases de conhecimento são muito mais versáteis, podendo comportar: tutoriais, perguntas frequentes, documentação, etc.
A pergunta a que sempre retornamos é: qual é o problema que você busca resolver? Um blog é a ferramenta ideal para posts que contem uma pequena história ou apresentem uma opinião. Uma base de conhecimento, por seu turno, é a ferramenta ideal para posts que veiculem instruções de qualquer natureza. Então, basicamente, você precisa saber se quer contar uma história ou se quer divulgar instruções.
E se você quer divulgar instruções, qual a melhor forma de fazer isso?
... fechando a conclusão
Em termos de opções entre as ferramentas, as bases de conhecimento oferecidas por soluções de suporte são mais acessíveis. Já as bases de conhecimento oferecidas por soluções de documentação são mais caras.
O motivo parece ser que a estratégia das soluções de suporte é tentar vender serviços agregados (não necessariamente a base de conhecimento, mas, por exemplo, sua integração com um chat); enquanto as soluções de documentação servem somente para essa finalidade. A consequência é que elas precisam cobrar pela única solução que vendem, ainda que não ofereçam necessariamente uma experiência muito superior.
O Notion surge como uma nova alternativa, pois não é uma solução de suporte ou uma base de conhecimento propriamente dita. Na verdade, o Notion é uma ferramenta de produtividade (gratuita para uso pessoal) que permite compartilhar bases de conhecimento, sendo a opção ideal para pequenos projetos que não tenham orçamento.
Se você tiver um orçamento generoso, é pequena a chance de ter chegado ao fim desse post. Além disso, tenho a impressão que as soluções mais específicas que listei aqui (como o Gitbook) não tiveram seus aplicativos traduzidos para o português. Ou seja, nesse caso, o dinheiro não resolve completamente, pois o campo do "Documentation as a Service" parece ser oferecido apenas por empresas estrangeiras com pouco interesse no Brasil.
Aplicativo de notas vs. Base de conhecimento: qual é o melhor?
Comparativo entre aplicativos promissores e alternativas tradicionais para a gestão do seu conhecimento.
Documentos vs. bases de dados
Já tratei em posts anteriores sobre como uso notas e outlines para facilitar meu processo de escrita. Tratei também dos editores de texto que uso em diferentes circunstâncias, sempre comparando opções disponíveis para Mac:
E hoje quero cuidar de um assunto diferente, relacionado a como guardar e recuperar a informação que você gera.
Muitas pessoas são totalmente passivas em relação à formação da sua base de conhecimento, deixando que as informações se acumulem no seu Whatsapp, Gmail, etc. Com isso, não chegam nem a saber onde procurar quando precisam de uma informação. Nada mais previsível, pois chat e email não são bases de conhecimento.
A rigor, aplicativos de base de conhecimento, como o DEVONthink, Yojimbo e EagleFiler, coletam, organizam e permitem a recuperação dos documentos do seu computador. Esse tipo de aplicativo é bastante caro e não se encaixa no meu fluxo de trabalho. A principal razão é que venho abandonando a organização de documentos e pastas para me concentrar bases de dados que, eventualmente, apontem para documentos.
O problema dos documentos
Vamos começar de um problema que pode ser bastante crítico: a busca em diversos pdfs. Não acho que seja necessário aderir a uma base de conhecimento tão cara como o DEVONthink somente para desempenhar essa função. Se esse realmente for um problema central para você, recomendo usar o PDF Search (pois é menos caro, USD 40). E, ao que me recordo, o Mendeley seria uma opção gratuita para isso.
Mas o que realmente me pergunto é se isso seria necessário para a maioria das pessoas. Suponho que a busca do próprio Mac (Spotlight) seja suficiente para quase todo mudo, pois a busca em pdfs é nativa. Então esse é um ponto que me parece superado.
Se você - como eu - escreve em markdown terá bases de conhecimentos nativas dos editores de texto. Ainda que assim não fosse, markdown é texto puro facilmente recuperável de toda forma. Aliás, essa é uma das razões para não escrever em Word, fazendo escolhas por padrões abertos. Assim, até aqui, cobrimos os documentos que você recebeu, escreveu ou encontrou na internet.
O problema das notas
Agora chegamos ao ponto que realmente me interessa, que são as notas. Existem diversos aplicativos de notas que funcionam como verdadeiras bases de conhecimento textuais. Um bom exemplo é o Bear, cuja organização é feita por meio de tags e de uma ferramenta de busca.
E passou a existir também uma nova geração de aplicativos de notas, dentre os quais o Roam Research parece ser o mais badalado. Trata-se de uma proposta bastante sofisticada, centrada na criação de links entre notas:
Infelizmente, o Roam Resarch não aceitou meu convite para ser usuário beta. Mas o aplicativo tem uma demo aberta que permite concluir do que se trata. O conceito do aplicativo é ser um outline com "backlinks". Ou seja, cria links entre diversos pontos da base de conhecimento, permitindo ir e vir entre eles. Essa proposta contrasta com Obsidian, que é um aplicativo de notas com "backlinks".
Além dessa diferença, o Obsidian trabalha com uma pasta local do seu computador (não em um servidor remoto), na qual você deve manter arquivos em markdown. Com essa escolha, você é dono dos seus dados.
Realmente é uma proposta corajosa do ponto de vista do negócio, uma vez que não será preciso pagar nenhuma assinatura para usar o aplicativo. Ao que tudo indica, serão pagos somente serviços opcionais de criptografia, controle de versão, hospedagem, publicação e edição colaborativa.
Com tudo isso, o Obsidian me pareceu supeior ao Roam Research em todos os pontos, inclusive em termos de interface. Segue um exemplo de como você pode dividir sua tela abrindo o mesmo documento em múltiplas janelas e em diferentes pontos. Realmente, me parece um aplicativo muito promissor.
Conclusão
As bases de conhecimento tradicionais são organizadas para gerenciar documentos. Embora reconheça o valor dessa abordagem, tenho melhores resultados organizando notas em um nível mais granular. Por isso recomendo utilizar um aplicativo de notas para montar sua base de conhecimento e, atualmente, o Obsidian me parece a melhor alternativa.
Entendo, contudo, que minha abordagem possa ter sido muito radical, pois exige trabalhar com arquivos em markdown e sem um serviço de sincronia ou hospedagem. Se esse é o seu caso, talvez queira optar por um aplicativo de uso mais cômodo, com organização centrada nas tags (caso do Bear) ou com interface mais rica (caso do Notion).
Além dessas opções com bons planos gratuitos, existem inúmeros aplicativos: Archbee, Confluence, Gitbook e Nuclino, entre outros. Com esses termos na mão, você poderá fazer sua própria pesquisa no Google. Mas acho que a tendência é que essas ferramentas atendam muito mais às demandas de wikis corporativos do que de uma base de conhecimento pessoal.
E, quanto o assunto é base de conhecimento pessoal, é muito mais importante ter velocidade e profundidade nos relacionamentos do que uma interface rica. Nesse caso, realmente, beleza não põe mesa.
PS: Se você está tão animado quanto eu, veja o vídeo de Matt Laker sobre o assunto e ele confirmará tudo isso que estou dizendo aqui:
Notas vs. Outline: que tipo de pessoa é você no mundo da produtividade?
Diversas formas de organizar as atividades de apoio da sua leitura e escrita.
Notas vs. Outline
Uma nota é um fragmentos de texto sem estrutura hierárquica. Já um outline é uma sequência de notas com estrutura hierárquica.
Geralmente, um aplicativo de notas depende de um bom sistema de busca, já que a organização do conteúdo não depende de estruturas aninhadas. Trata-se de uma abordagem universal à organização e que dispensa explicações, pois todo celular vem com um aplicativo de notas suficientemente bom. Todo mundo já viu (e possivelmente já usou) algum aplicativo de notas.
Se você precisa ser apresentado a um outline, ele tem se parece com um índice. Sua principal característica são os nós que definem a hierarquia do seu conteúdo (vide Outlinely):
E, para efeito de comparação, um aplicativo de notas tem a seguinte aparência, exibindo uma lista de textos não hierárquicos (vide Bear):
Autor ou leitor?
Para mim, notas muitas vezes fazem parte de um processo de autoria. Ou seja, tendem estar mais para o lado ativo do processo de escrita. Outline, de outro lado, é uma ferramenta de consumo, de resumo, não se confundindo com uma ferramenta de autoria. Assim, tende a estar do lado passivo, sendo uma ferramenta útil para o leitor. Mas, como disse, essa é apenas minha visão.
Cada usuário deve utilizar essas ferramentas como faça mais sentido para o seu fluxo de trabalho. No meu caso, por exemplo, se eu for expor um texto de alguém, possivelmente farei um outline como preparação da apresentação. De outro lado, se eu for escrever um texto, possivelmente tomarei notas de outros texto, ao tempo em que escrevo o meu próprio texto.
Nessa linha, é bastante incomum encontrar uma ferramenta de outline voltada ao público que escreve textos longos. Por exemplo, o Workflowy, uma opção bastante aclamada para elaboração de outlines, apresenta dois casos de uso apenas: listas e notas. O Dynalist, outra opção consagrada, se propõe a ser um organizador no qual você pode aninhar informação e conectar os pontos.
Da mesma forma, as opções de ferramenta para outline tendem a se colocar como solução para listas, planejamento, projetos, etc. Confirmam esse perfil as propostas do Checkvist e o Moo.do. Eles cobrem, quase que invariavelmente, as necessidades para elaboração de textos curtos.
Mas, voltanto às notas, a proposta de escrita de textos longos a partir delas está presente em ótimos aplicativos. O Scrivener é o que mais assume essa missão, pois realiza a fusão das suas notas em um texto maior. Seu layout espelha justamente esse fluxo de trabalho, partindo dos títulos, passando pelas notas e chegando finalmente ao texto longo.
Texto ou tudo?
Como foi possível notar, esse é meu uso de notas e outlines. Aliás, trata-se de uso muito particular e já cuidei do assunto em um post no passado:
Estou ciente que, para as pessoas que não têm a escrita como atividade principal de suas vidas, as grandes referências para notas são o Evernote e o OneNote.
Vejo o Evernote como um repositório das informações do seu dia a dia: páginas favoritas, clipper para leitura posterior, pdfs e documentos digitalizados em geral. O programa pretende ser essa grande cesta digital, sendo que as as notas digitadas são apenas uma espécie delas. Por ser generalista, o Evernote não é minha opção.
O OneNote também não é minha opção por ter a proposta bastante semelhante ao Evernote. Esses aplicativos consideram notas como qualquer tipo de mídia, especialmente desenhos e imagens. Para mim isso não é importante. Veja como o OneNote se apresenta:
Conclusão
Tomo notas quando estou escrevendo algo. Ainda que reconheça o poder do Bear, tenho dado preferência a tomar notas diretamente no editor de texto que vou redigir o meu próprio texto. Minha preferência é por algum editor em markdown, talvez mais o iA Writer do que qualquer outro ao longo deste ano.
Elaboro outlines quando estou lendo algo. Durante muito tempo, utilizei o Dynalist para isso e foi uma ótima escolha. Com certeza está entre meus programas preferidos, especialmente em razão da sua poderosa busca. No entanto, mais recentemente, essa minha demanda tem sendo atendida também por ferramentas de anotação em pdf, como o MarginNote. Mas isso é assunto para outro post.
E você? Como toma notas ao ler e escrever?